segunda-feira, 23 de julho de 2007

Grades e Ultraviolência.

Para quem vive em uma sociedade tomada pela violência urbana, acordar vivo é um prêmio, uma glória. E a cada dia vivo, uma nova batalha contra o inimigo social. Uma verdadeira guerra. E as armas contra a mesma são das mais variadas: condomínios infestados de seguranças, muros e cercas elétricas, privatizações de ruas públicas, carros e casas blindadas, e por ai vai, dependendo (é claro) do seu poder aquisitivo.

Sair à noite é uma aventura que muitos pensam duas vezes antes de realizar. O outro já é visto como criminoso e andar nas ruas requer todo um plano de segurança. As pessoas estão sendo obrigadas a viverem presas dentro de seus lares, cada um criando seu próprio presídio e clamando pra não sair da “batalha com uma simples bala perdida”.

Já tem mais de dois meses que a situação no Complexo do Alemão (Rio de Janeiro) parece estar pior (pelo ponto de vista da mídia)m do que no resto do país. Acredito que a bomba, cujo elemento principal que a compõe é a desigualdade social, “estourou” de forma significativa no local. Enquanto o pau não quebrar na porta do pai de família classe média, o mesmo não se preocupa com o pau que já quebrou na outra porta, agora, do pai classe baixa. Mas, quando quebrar, ai sim tem que se fazer justiça.

Certa vez li em um livro que “o crime é propriedade exclusiva da classe baixa”. E até faz sentido. Geralmente, pobre no Brasil e no mundo nem número é. Acesso às necessidades básicas quase não existe. Não passa de um lixo excluso da sociedade e infelizmente (ou felizmente) o crime é a sua única saída, e até mesmo, a única esperança de uma vida melhor. Ta certo que desse jeito a coisa não pode ficar. Legalmente falando, eu, você, e os cidadãos como um todo não têm culpa da desgraça alheia, porém, temos o dever de pensar e procurar resolver a tal, nem digo que pelo outro, mas, pela própria segurança.

Será mesmo que medidas de curto prazo vão resolver o problema? Através de pesquisas não elaboradas, constatei um ponto interessante: O custo que o governo teria na educação de um presidiário é exatamente a metade do que ele gasta enquanto preso. E ai vem outro questionamento: Por que não investir na educação?

“A violência não é um simples sintoma, é um desejo de transformação. É a mais nobre manifestação cultural da fome.” Assim já escrevia Glauber Rocha. E por fim, não acredito que tal fome seja só a fome do feijão e arroz.

nai

3 comentários:

T. disse...

Muito bom, parabéns. Voltamos, hein?

ísis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ísis disse...

se investirem em educação, não vai sobrar ignorantes para votar neles.