sexta-feira, 18 de maio de 2007

Cinema Brasileiro.

Filmes que tratam de subúrbios nacionais sempre me causam um sentimento pungente. Às vezes, culpa. Tantas outras, alívio. É trabalho do elenco: tentar emocionar, mexer verdadeiramente com as sensações de quem os assiste, mesmo que muitos dos atores não vivam a realidade proposta.

Em Amarelo Manga, não existe essa culpa (a qual lhe dá vontade de fazer uma boa ação). Nesse longa os personagens são pobres sim, não coitados. São egoístas e sarcásticos (porque não?).
O filme é composto de curtas histórias que se entrelaçam no subúrbio de Recife. As vidas de personagens tão marcantes são corrompidas pelo acaso agressivo, quebrando a rotina amarela, seca.

De modo geral, os habitantes dos cortiços, para a sociedade apenas existem; não SÃO. E isso não faz deles menos cruéis, nem era pra fazer.
Após a morte do dono de um desses cortiços, as histórias começam a se concretizar.

O açougueiro que não se decide entre a amante e sua mulher evangélica, e corre o risco de ser atingido pelos desejos de um cozinheiro homossexual. O traficante necrófilo se apaixona pela garçonete de um boteco fedido, o qual beira uma realidade não muito distante da nossa.

O drama acaba de maneira brusca e é opaco, lancinante, deixando uma sensação um tanto quanto inacabada interior de quem o absorve.

Por Ludmila Rodrigues

Elenco: Leona Cavalli; Matheus Nachtergaele; Jonas Bloch; Dira Paes; Chico Díaz.
Direção: Cláudio Assis
Roteiro: Hilton Lacerda
Gênero: Drama


3 comentários:

T. disse...

É realmente um filme muito bom e requer atenção e completo desprendimento de paradigmas e preconceitos para ser bem interpretado e absorvido.

Vale muito à pena.

Isadora Sodré disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Isadora Sodré disse...

As imagens são o seu ponto forte, a ausência de higiene e do pudor é constante e marca bastante durante todo o tempo.
Senti falta de vocês falaram sobre a trilha sonora, que é ótima.
Gostei da critica, principalmente sobre um filme do qual eu gosto tanto.
(: