sábado, 19 de maio de 2007

Mulheres na Sociedade - Índia

Segundo o censo de 1991, 8% de todas as mulheres da India são viúvas, o que significa cerca de 34 milhões de pessoas. Como o costume é o casamento das meninas muito novinhas, 50% das viúvas têm menos de 50 anos de idade.No grupo acima de 60 anos, 64% das mulheres são viúvas, enquanto que apenas 6% dos homens são viúvos. Essa diferença brutal de gênero existe por causa da alta incidência de viúvos que se casam novamente, enquanto que um novo casamento, na prática, continua sendo uma opção bastante improvável para as mulheres.pesar dos números, sabe-se pouco sobre a vida dessas mulheres, na India. A marginalização as torna invisíveis. O que sabemos é que elas vivem em completa pobreza, desemprego, sem acesso aos meios de produção, sem educação formal e sofrendo por superstições que ainda estão bastante arraigadas na cultura indiana.Já em 1956, um ato hindu estabeleceu que as viúvas devem ser consideradas iguais a todas as mulheres, mas a tradição fala mais alto.Por causa de todas privações que passam, as viúvas têm um índice de mortalidade 85% maior que as mulheres casadas. Apesar das péssimas condições dessas Casas de Viúvas, muitas preferem viver nelas do que ficar com a família do ex-marido, sendo constantemente abusadas sexual e fisicamente.
Também confirmou que a maioria dos casamentos continuam sendo arranjados e o dote é uma regra geral. Explicou que o casamento, na India, não é visto como uma atitude de dois indivíduos, mas uma ação em família, que compromete a reputação das pessoas envolvidas por gerações e deve ser muito bem planejado, porque o divórcio, apesar de legal é extremamente estigmatizado.Um dos fatores que mais contribuem para a difícil situação da mulher é a exigência, por parte da família do noivo, de um dote que deve ser oferecido pela família da noiva, em dinheiro e que se diz tem como objetivo "ajudar os recém-casados em sua nova vida".A explicação dada, muitas vezes é que o dote é como se fosse uma compensação à família do noivo pelas despesas que tiveram para educá-lo e prepará-lo para sustentar a noiva e sua nova família pelo resto da vida.Na verdade, muita gente vê o dote como algo prático, como uma verba que a mulher teria, como segurança, no caso de morte do marido, por exemplo. Claro que na maioria das vezes, a mulher nunca vai ter nenhum acesso a esse dinheiro. O dote acaba pesando muito e até desestruturando financeiramente uma família.
O Sati, ou a queima da viúva viva numa fogueira, junto com o corpo do marido morto, ainda que raríssimo e tenha sido banido do país desde 1829, foi noticiado um caso em 2002, quando uma viúva de 68 anos cometeu suicídio, queimando-se viva com o marido. Desde os anos 40, vinte e cinco casos de Sati ainda foram registrados na India, inclusive meninas de 18 anos de idade. Grupos feministas se mobilizam para evitar a adoração a mulheres que cometeram esse sacrifício, como forma de evitar um ressurgimento dessa prática.
A India tem um dos menores índices de nascimento de mulheres do mundo. Segundo o censo de 2001, nascem apenas 927 mulheres para cada 1000 homens. No Estado de Haryana esse índice cai para 782 mulheres, enquanto que, em outros países, a estatística média é de nascimento de 1050 mulheres para cada 1000 homens. E, na India, essa diferença está aumentando a cada ano.São os "avanços da tecnologia" e suas consequências inesperadas. A diminuição do nascimento de meninas, na India, deve-se à proliferação de empresas clandestinas, em qualquer cidadezinha mais remota da India, que fazem ultrassom por apenas 10 dólares e, com uma taxa adicional, fazem um aborto, se o feto for do sexo feminino. A situação é tão grave que o governo proibiu a realização de ultrassom, com o objetivo de saber o sexo do bebê. Mas o apelo dessas empresas e a realidade social falam mais alto. Propagandas dessas clínicas afirmam: "pague 500 rupees agora e economize 50.000 no futuro", numa referência ao dote que o pai da noiva precisa dar à família do noivo, no casamento.
Se a menina sobreviver a tudo isso, e conseguir que a família arranje um casamento, ela ainda estará correndo risco de ser queimada viva, no que se convencionou chamar de "bride-burning", e que poderia ser traduzido por "queima da noiva".
No casamento na India, a família da noiva é obrigada a dar um dote e vários presentes para a família do noivo. Em muitos casos, quando a "fonte de dinheiro" se esgota, o noivo e sua mãe passam a considerar aquela noiva indesejável. E a matam, para que o noivo possa casar-se novamente e começar todo o processo de presentes de novo.
O termo "bride-burning" começou a ser usado porque essas mulheres, geralmente, são mortas na cozinha, enquanto estão preparando a refeição da família, alguém joga querosene, outro acende um fósforo e a morte é reportada como "acidente doméstico" com o fogão a lenha.Dados oficiais do Governo da India apontam 7.000 mortes por "Bride-Burning", por ano, ONGs afirmam que é o dobro. Um artigo chega a falar em 25 mil.Além da prática de assassinato das noivas, cujas famílias não dão a quantidade de dinheiro e presentes solicitada, é comum a tortura dessas mulheres, que apanham tanto da família do noivo que tornam-se portadoras de deficiências físicas, com ainda mais dificuldade para trabalhar duramente, como espera-se que faça.Muitas vezes, mesmo sabendo que corre risco de vida, a noiva não tem para onde ir. Os pais não a querem de volta e os abrigos governamentais não oferecem condições de moradia e é difícil conseguir uma vaga.
Outros dados sobre as mulheres, na India:
- Altíssimos índices de desnutrição, porque a tradição é que as mulheres se alimentem por último e menos que o resto da família, mesmo que esteja gravida ou amamentando. Mães desnutridas dão a luz à bebês desnutridos, perpetuando o ciclo.
- Mulheres recebem menos cuidados de saúde que os homens, muitas vezes são forçadas a ter vários filhos, até um ser homem, não recebem cuidados adequados durante a gestação e saúde reprodutiva.
- Para cada 100 mil nascimentos, morrem 540 mulheres indianas no parto ou em decorrência de complicações da gravidez. Muitos desses casos são consequencia de abortos ilegais. No Brasil, o índice de mortalidade materna é de 160 para cada 100.000 nascimentos. Na Suécia o índice é de apenas 5 mulheres para cada 100.000 nascimentos.
- As meninas recebem muito menos educação formal que os meninos, são tiradas da escola para ajudar em casa ou por medo da violência.
- Em termos de quantidade, a India tem um dos maiores índices de participação da mulher no mercado de trabalho. As mulheres trabalham mais horas e em tarefas mais árduas que os homens. Ainda assim, seu trabalho não é reconhecido.
- Em lugares onde a vida da mulher vale tão pouco, é normal que o estupro não seja considerado crime grave e tenha índices altíssimos, especialmente nas cidades grandes, como Delhi.
- Ainda que existam leis que protegem a mulher, elas não são devidamente cumpridas.
- Mulheres nunca têm direito à herança.
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por: Viviana M.

6 comentários:

T. disse...

Parece que o mundo não anda pra frente em todos os lugares.

Unknown disse...

Muito bom esse artigo sera que vc poderia me enviar no meu email:misspatriciaindia@hotmail.com
Obrigada Patricia

Unknown disse...

Gostaria de receber por e mail esta matéria sobre as mulheres na Ìndia

valdomiromarques@hotmail.com

Valdomiro Marques disse...

Muito interessante esta matéria sobre a condição das mulheres na Ìndia. Pena que os brasileiros preferem assistir uma novela que não retrata quase nada do sofrimento daquele povo como a banalisação da mulher, a pobreza, a fome (enquanto as vacas são protegidas) e toda a miséria que aquele povo sofre. Gostaria que fosse enviado para o meu email esta matéria
valdomiromarques@hotmail.com

Anônimo disse...

eu tenho que fazer uma redaçao sobre isso:\

Viviane disse...

A verdade é que nada no mundo, nenhuma ideologia, filosofia ou religião fez tanto pela liberdade e dignidade das mulheres quanto o cristianismo. Basta comparar o tratamento que as mulheres recebem nos países cristãos e a vida delas nos países não-cristãos. As viúvas que o digam!